A dupla crise
covid-19 de 2019-2021
1.Estatística mundial da pandemia em 17 de abril de 2020
País |
População |
Infetados |
Infetados por milhão |
Mortos |
Mortos |
Espanha |
46 |
185 000 |
4000 |
19 000 |
413 |
Itália |
60 |
168 000 |
2800 |
22 000 |
336 |
EUA |
308 |
676 000 |
2200 |
34 000 |
110 |
Portugal |
10 |
18 000 |
1800 |
600 |
60 |
Alemanha |
82 |
138 000 |
1600 |
4000 |
48 ! |
Repúb. Checa |
10 |
6500 |
650 ! |
176 |
17 !! |
China |
1393 |
83 000 |
59 !! |
4632 |
3 !!! |
2. O pretenso milagre estatístico português
Milagre em Portugal quanto aos infetados e mortos “por milhão de habitantes” (que é a verdadeira comparação estatística correta) só em relação particularmente ao país nosso vizinho, e ao facto de nos assemelharmos à Alemanha, poderosa em meios.
Mas não
estamos nada bem em relação à República Checa, essa sim, um autêntico milagre.
Sabe-se que, desde o início, a República Checa impôs o uso de máscaras e
generalizou o uso de testes em profusão.
E que dizer,
então, da China, que conseguiu isolar só uma fração ínfima da sua população
(cerca de 10 milhões em aproximadamente 1400...) protegendo cidades importantes
do vírus como Pequim e Xangai e números impressionantemente baixos de infetados
e mortos por milhão de habitantes?... No que foi conseguido, por exemplo, pela
República Checa (mesmo número habitantes) onde está o nosso milagre?...
Lembremos
também, nesse citado milagre, que, em Portugal, a controversa DGS declarou que as máscaras deviam ser usadas com cuidado
e não as recomendou com base na incompetente OMS (que desvalorizou o covid-19 e só deu o alarme muito tarde). Mas agora lá virá
com o uso da máscara obrigatória, mesmo acabada a emergência...
Quanto aos
testes, o Senhor Presidente da República chegou a declarar publicamente que os cientistas o tinham informado de que os testes rápidos (agora generalizados) até eram
perigosos; e ainda nos lembramos de que, no início, a DGS
disse que deviam ser racionalizados, quando devia ter dito, em rigor,
racionados (de tal maneira o foi, que o Governo, que se dizia protetor dos
lares e proibiu visitas, deixou que milhentas pessoas infetadas lá entrassem
para tratar dos idosos, resultando num pandemónio de infeções e um terço do
total de mortes pelo covid‑19 em Portugal...).
Lembremos também os múltiplos infetados nos hospitais e nos agentes da saúde a
transmitirem o vírus por não se fazerem os testes necessários...
Cuidado quando
se referem milagres.
Milagre só se
se pensar que este povo previdente já não precisava da emergência protagonista
de ditadura, pois bastava bem o medo que a situação de alarme logo provocou, o
exemplo notável da Igreja e o acatamento imediato do povo ante a recomendação
dramática dos responsáveis de que se ficasse em casa.
3. Os heróis do covid-19 em Portugal
Um milagre inegável de bom comportamento, sim,
do povo e dos seus governantes na crise foi um SNS depauperado não se ter
saturado nos ventiladores (os da escolha de quem morre, com os cuidados intensivos
só a 54% em fins de abril). Sobretudo
espanta, como nessa penúria de meios, os anjos-da-vida
nos hospitais conseguiram tal feito notável, muitos perdendo a sua própria
saúde.
Mas a penúria teve
que custos? Quantos mortos não covid-19 houve resultantes
da concentração hospitalar covid-19? Mesmo neste
pretenso milagre no número de mortos, que confiança há na estatística? Sei de
pessoa conhecida cujo marido, infetado por covid-19 e
isolado na segunda casa para poupar a mulher, foi dado como tendo morrido por
ataque cardíaco... Especialistas dizem que o número de mortos devidos ao covid-19, e não registados como tais, é muito superior aos
registados e apontam para 3 vezes mais. Nesse caso, em número de mortos por
milhão, Portugal até fica bem pior que o dos Estados Unidos, na estatística
acima.
Mas há mais
heróis: todos aqueles que, arrostando com o inimigo, não deixaram que a
economia de base parasse (géneros alimentícios, abastecimentos diversos, e até
coletores de lixo...).
4.
O estouro económico
Desde a
primeira hora do “confinamento” imposto para evitar o pavor do estrangulamento
nos hospitais (que pusesse à vista o seu depauperamento em investimentos sempre
inferiores ao pouco orçamentado), que quem tem alguma
presciência sobre o futuro prognosticava um estouro muito grave na economia portuguesa
com a paragem total do país.
A China dera o
exemplo de confinamento em Wuhan para milhões. Enquanto em Portugal só tarde e
más horas (deixando que o surto se tivesse expandido para fora) confinou a 9 de
março Lousada e Felgueiras, quando já havia 39 casos confirmados de infeção de covid-19 e isolou Ovar em 18, já com 30 infetados, no
terror há vários dias manifestado pelo responsável do município que, pelas
ramificações dos inicialmente infetados, previa um surto muito grave. Note-se
que em quase ausência de testes ...racionalizados...
Se a China
tivesse sido descuidada, teria, depois, de pôr todos os seus 1400 milhões de
quarentena, e, além disso, conseguiu o milagre, este, sim, também de não imobilizar
o país. Nós, inversamente, travámos a fundo o país, exceto para o essencial,
quando os responsáveis se viram impotentes para controlar o inimigo: os
restaurantes a um terço, a proibição de ajuntamentos e de espetáculos. Nessa
orientação, até as igrejas fecharam, em 14 de março.
Achou-se,
porém, que era pouco e foi instaurada a emergência que deixa
a dúvida de se justificar assim tão dura, pois os cuidados intensivos estiveram
sempre longe da saturação.
De facto, tendo, oito dias antes, a estrutura ética
do país, que se alimenta do encontro de multidões (na sugestão coletiva da
comunhão espiritual com Deus), a Igreja Católica, decidido o inconcebível, `in extremis´, de desaconselhar o
agrupamento de fiéis nos seus templos, e depois de o povo estar a seguir tal
exemplo tão impressivo, a emergência estabelecida poderá ter sido, talvez,
exagerada. Só que com implicações graves do ponto de vista económico e até
político.
Instaurada a
ditadura, dita de ocasião, mas prorrogável sem fim à vista, o sentido beligerante
dos governantes emergiu em força, fechando tudo, pondo coercivamente toda a
gente em casa, com prisões tirânicas a quem invocava o direito à liberdade; e
com as nossas chefias militares com poucos soldados (porque mal pagos), a
desejarem uma comissão
para estudo de se constituir uma reserva militar dos 18 aos 35 anos, como no
tempo do Estado dito Novo, nisso, para
mim de má memória.
Ora, faz-se
mesmo a ideia do que representa já em desgraças no povo que fica sem salários e
mesmo no milhão só com dois terços? E o que representará também, no futuro,
este mês e meio de emergências? O Ministro da Economia indica 6% de perda por
mês do PIB, ou seja, mês e meio de emergência serão 9%; e já prognostica perdas superiores a 10%...
Por outro lado,
na comparação com a eficiência chinesa e com a ideia que se instalou da
necessidade de ditadura nos momentos de crise, pode-se também imaginar em como
vai ficar, entre nós o conceito da sagrada liberdade democrática? Agora até já
se propõe dar voz de prisão domiciliária aos idosos.
Será que irão pôr pulseira eletrónica nesses presidiários, quando o Governo está
a libertar malfeitores?
5. A sageza de Donald
Trump
Todo o
mundo verbera Trump pelas suas inconsequências
isolacionistas, pondo à mostra a perda de influência universal e o declínio
óbvio da obesa civilização americana, pátria agora do consumismo, da dureza de
vida e principal causadora das alterações climáticas (consomem cerca de 25% de
petróleo no mundo). Contudo, general sabido, sente que numa guerra tem de mandar soldados para a morte e que, no fim, é o
resultado que conta. Daqui a uns tempos, o número até comparativamente moderado
de velhos e de doentes que terão morrido com o covid-19
esquece logo e, exceto os votos familiares dos falecidos, o que conta é o
estado da economia. Se estiver mal, os culpados perderam no final a guerra; mas,
se estiver razoável, os obreiros do feito serão saudados, e o sacrifício dos
menos capazes até poderá ser considerado naturalmente oportuno.
A verdade é que nos EUA já assustam muito mais os 22 milhões de
desempregados. Notar que na América vigora o “employment
at will”, no qual não há objeção
nenhuma aos despedimentos: é o simplesmente “you’r fired” do empregador, e o vínculo cessa. Isso significa que
numa paragem generalizada, e para aliviar a liquidez da empresa, esta pura e
simplesmente pode despedir todos que entende, sem quaisquer problemas e pode
aproveitar mesmo a oportunidade para fazer uma renovação depois. Compreende-se
a angústia em que ficaram esses milhões de desempregados, alguns mesmo sem
direitos aos 385 dólares por semana de apoio do Estado, quando clandestinos ou
em economia paralela. Compreende-se também o pânico de quem está em vias de
eleições com a perda desses milhões de votos. Podem acusar Trump
de boçal, mas de estúpido não...
6. A incógnita duvidosa para
uma teoria da conspiração
Trump está a desviar a culpa das mortes nos
EUA para a China com responsabilidade da OMS, dita aliada chinesa. Ora, também nisto Donald Trump
talvez não seja assim tão néscio, como dizem dele.
Vamos supor
que acredita ou pretende fazer acreditar numa cabala chinesa laboratorial para
conseguir rapidamente a supremacia económica no mundo, enfraquecendo
drasticamente a Civilização Ocidental.
Com que bases
se tornaria coerente essa hipótese?
A China tinha
em Wuhan efetivamente um laboratório especializado nas investigações sobre
vírus. Lançou o surto de um novo vírus numa zona restrita dos seus muitos
milhões de habitantes, epidemia para a qual tinha imensos recursos de combate,
nomeadamente em reserva um hospital de campanha gigantesco, preparado
especificamente para essa arma virulenta. Uma arma com caraterísticas estudadas
novas de infetar sem sintomas, e assim se propagar rápida e insidiosamente, mas
também podendo ser letal para provocar o pânico generalizado.
Esconde os
primeiros tempos da infeção para permitir que as suas formiguinhas-soldados
infetadas voassem de Wuhan para todo o mundo, aproveitando as íntimas relações
comerciais e industriais com zonas congéneres no Planeta (por exemplo, a florescente
Lombardia, zona mais populosa de Itália). Anunciam o surto ao mundo
concretizado no isolamento de milhões de habitantes, para dar o exemplo, mas
cuidando ciosamente que o resto do país não fosse afetado na economia. Consegue
na OMS que o surto seja desvalorizado para deixar que se expanda bem fora: a
OMS diz tratar-se de uma simples epidemia na China, não de uma pandemia e que
não se justifica fechar fronteiras, nem considerar as máscaras convenientes
(desculpa em Portugal para não confessar que não existem suficientes no país),
critério que foi completamente ignorado nalguns países como sabiamente fez a
República Checa.
O resultado da
conspiração está à vista nos números do quadro acima, estranhando-se o que a
China conseguiu na pandemia quanto à questão sanitária e, agora também, quanto
à imensa venda de equipamento para o resto do mundo para combater o seu vírus.
E quando vier a segunda vaga dessa poderosa arma, a economia mundial estará de
rastos, nomeadamente o tigre de papel dos EUA, seu mesquinho devedor de imensos
dólares, com a China senhora economicamente do Planeta.
Admira que o astuto
político Trump tenha aproveitado a oportunidade para
simultaneamente se preparar para atribuir a responsabilidade do estouro
económico no país aos seus adversários políticos que teimam em fechá-lo e, por
outro lado, atribuir à China a responsabilidade das mortes pela abertura que ele
próprio preconiza? Diz que a China deve ser culpabilizada se tudo foi feito de
propósito, mesmo só o atraso na comunicação do perigo, com conluio OMS. Para já,
concretiza a suspeita da conspiração cortando as verbas de apoio à OMS.
É de mestre! E
a manobra está já a ter frutos: A Austrália pede uma investigação ao
procedimento da China, cidadãos norte-americanos processam China como
responsável pelo desastre.
Ora,
lembremos que muitos prescientes avisaram que o mundo não estava preparado para
uma pandemia, agora imensamente generalizável na mundialização rápida dos
transportes. Parece também estar verificado que este coronavírus
teve mesmo origem natural, não foi fabricado.
Assim, o autor
continua a crer que a China, culpada por negligência nos seus maus hábitos de
lidar com animais selvagens, esteve, contudo, sempre de boa-fé na pandemia. Simplesmente
foi eficaz duma forma invejável que está a fazer engulhos a quem não o foi. Este
país, ao longo da sua antiquíssima história, esteve muitas vezes cruelmente
agredido (recentemente, no século passado, explorado pelo Ocidente e depois
sangrentamente invadido pelo Japão), mas nunca escolheu ser agressivo. Lembra-se,
por exemplo, que a poderosíssima armada chinesa de Zheng
He chegou até às costas orientais do continente
africano, talvez pouco lhe faltando para antecipar num milénio o feito de Vasco
da Gama. Uma tremenda armada para a época, que, embora podendo, nunca foi
conquistadora mas pretendeu unicamente estabelecer alianças de comércio e
prestigiar a China.
Lembremos também
Confúcio e o seu respeito pelos valores, como que uma religião, que nunca
deixou a mentalidade chinesa, mesmo depois da lavagem ao cérebro do marxismo:
«Dentro de quatro mares, todos os homens são irmãos
e irmãs.»
«O verdadeiro exemplo é o do exemplo moral.»